sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Independência do Brasil: parte III

Kirsten Schultz analisa a relação entre as revoluções no século XVIII e a Independência brasileira. Tendo como base a historiografia tradicional à autora crítica a influência dada às revoluções americana e francesa no contexto da Independência brasileira. Para a autora as contestações ao regime colonial no Brasil não tiveram influência direta das revoluções internacionais. Somente a partir da chegada da Família Real ao Brasil pode se perceber as reminiscências das revoluções. Contudo, a síntese do pensamento da autora esta relacionado ao contexto da transferência da Corte ao Brasil e as teorias acima representadas por Sérgio B. de Holanda e Emília V. da Costa.

Conforme o reinado de d. João no Brasil chegava ao fim, a política do governo representativo e da cidadania nacional deslocava a política monárquica absoluta e da vassalagem. Como a política da transferência da corte, a política constitucionalista prometeria defender a monarquia da corrupção – neste caso, a corrupção do absolutismo do pacto histórico entre povo e o rei.

A transferência da Corte para o Rio de Janeiro, não caracterizou, segundo a autora no início de emancipação política brasileira. Entretanto, foi uma continuidade das ações absolutistas do governo português numa nova sede. Livre das guerras em seu próprio território e resguardado seu trono, diferentemente do trono espanhol que foi subjugado por Napoleão. Para explicar a independência, Kirsten Schultz aponta as movimentações políticas das elites, e o “povo” não aparece em nenhum momento em destaque no processo emancipacionista. Exceto nas decisões de D. João VI em vigiar os portos do Rio de Janeiro com receio da entrada das idéias e pensamentos revolucionários, para que a população não se insurgisse contra o Estado monárquico, preservando assim as tradições e privilégios.

por Eliphas Bruno
SCHULTZ, Kirsten. A era das revoluções e a transferência da corte portuguesas para o Rio de Janeiro. In: A Independência do Brasil. Op. Cit., p.146-147.

Nenhum comentário: