quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Independência do Brasil: parte VIII

Lília Mortiz Schwarcz analisa o aspecto do desdobramento político e sociais após a coroação de D. Pedro I em 12 de outubro de 1822. A autora defende a teoria que a Corte portuguesa tentava recriar em território da colônia as suntuosas festividades da metrópole e o aspecto econômico relacionado ao cotidiano colonial. " O Rio de Janeiro jamais conhecera pompa semelhante, com Debret e Montigny esmerando-se em dar à decadente corte portuguesa um ar solene e engrandecedor, e procurando vincular, por meio da pompa e da simbologia do ritual, um império alijado à heróica e perdida antiguidade clássica."
As festas das cortes portuguesas representavam o sentimento das elites naquele momento, haja vista que a corte não demonstrava preocupação com os acontecimentos políticos. Cortejos e festas eram demasiadamente importantes no calendário português, pois eram nessas festas que seus privilégios eram afirmados perante a população. Contudo, a análise de Schwarcz não se limita ao cotidiano da corte portuguesa no contexto da independência, assim, o campo econômico é avaliado principalmente após o 7 de setembro. Logo após a proclamação da Independência e a coroação de D. Pedro I, os embates políticos, sobretudo no ressarcimento econômico à Portugal, formaram o reconhecimento da independência brasileira. Portugal exigia o pagamento dos “gastos” que a metrópole teve ao deixar a sua antiga colônia, tais como a Biblioteca Real, que teve papel expressivo, uma cifra de aproximadamente 800 Contos de Réis. A análise de Schwarcz aborda as várias disputas políticas entre a diplomacia do recente império brasileiro e a antiga metrópole, além da interferência inglesa nesse processo. " O preço alto pago pelo Brasil seria um dos motivos da impopularidade futura de d. Pedro I, e Portugal entraria numa guerra civil que tumultuaria por muitos anos a vida do país. Assim terminava uma história e começava outra: a necessidade de indenizar a coroa portuguesa deu origem ao primeiro empréstimo externo, contraído pelo Brasil em Londres, e ao início de uma divida e de dependência financeiras que se perpetuariam por longo tempo."
Em síntese a teoria de Schwarcz apresenta que a Independência brasileira foi de certa forma comprada, e a partir daí contraiu uma dependência financeira que de acordo com as palavras da autora se prolongariam por muitos anos.

SCHWARCZ, Lília Moritz. Pagando caro e correndo atrás do prejuízo. In: A Independência do Brasil... Op. Cit., p.278.


Por Eliphas Bruno

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