quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Independência do Brasil: parte IX

         Hendrik Kraay analisa a participação popular na Independência Brasileira. Kraay faz seus estudos sobre a ótica das revoltas populares ocorridas entre 1820- 1825, sobretudo na Bahia. O pensamento de Kraay baseia-se na influência do povo no processo emancipação e não um jogo político e econômico que resultaram na emancipação brasileira.
Na medida em que a independência é vista como resultado do grito do Ipiranga, como no famoso quadro de Pedro Américo, o povo brasileiro não passa de um espectador atônito. Interpretar a independência como o resultado de uma crise estrutural do antigo sistema colonial deixa pouca margem para a atuação de pessoas.[1]

            O estudo de Kraay esclarece sobre a participação da população do contexto da independência brasileira, também da presença de batalhas militares entre portugueses e brasileiros e a luta entre as capitanias visando a unidade territorial. Contudo, a participação popular tem seu foco nesse estudo. Ora, não são somente os políticos que defendem a soberania brasileira perante Portugal. Ilustres desconhecidos fizeram parte dessa luta. Assim como no caso baiano, a presença de escravos libertos nas fileiras do exército proporcionou um longo conflito entre baianos e fluminenses, ora também com os pernambucanos. A participação popular vai além das linhas do exército, suas aspirações, desejos e vontades são resultado da luta pela independência.
Personagens como os irmãos Francisco Anastácio e João Gualberto, escravos libertos que participaram da luta baiana contra os portugueses em 1822-1823 dentre outros tantos, são deixados de lado pelo pensamento elitista, no qual somente os políticos fizeram a independência. Algumas medidas políticas foram tomadas visando o “embranquecimento” do exército, dispensavam vários negros forros e contratavam mercenários para suprir a demanda. Assim, a história da independência passou também pela população de baixa renda, negros libertos, escravos, brancos pobres e pardos. Não se limitando somente a classe política e as disputas econômicas entre portugueses e brasileiros. A independência não foi de verás “comprada” de Portugal, mas houve batalhas e baixas de soldados de ambos os lados.


Por Eliphas Bruno


[1]KRAAY, Hendrik, Muralhas da independência e liberdade do Brasil: a participação popular nas lutas políticas. In: A Independência do Brasil... Op. Cit., p.303.   

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