quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Anásile do filme BATISMO DE SANGUE

O filme Batismo de Sangue retrata a vida de freis dominicanos em busca da liberdade política no Brasil e a integração deles nas lutas contra os abusos da Ditadura, juntamente com Carlos Marighela, um dos maiores nomes da resistência ao Governo Militar. E com base no texto de Julio J. Chiavenato que trata deste mesmo período será feito a analise das proximidades e discordâncias entre as duas leituras. No texto Chiavenato analisa as características da luta revolucionaria de Carlos Marighela, e também a luta armada do Araguaia, dentre outras características posteriormente discutidas. Entretanto o filme mostra a participação dos freis na resistência juntamente com as lideranças estudantis e sindicalistas. Para entender o porquê dessa luta, as duas fontes abordam o conceito da Lei de Segurança Nacional, que regeu o Governo Militar na prática de torturas, abusos físicos, políticos e psicológicos. O texto apresenta a violência com que foi tratado o povo nesse longo período no qual ficou submetido, mas também apresente o porquê da resposta armada ao Governo. Não que se justifique nem um dos lados a prática armada, mas a explicação após tanto sofrerem nas “mãos” do Estado. Na guerrilha do Araguaia, como mostra o texto, após serem vencidos, os guerrilheiros não sofreram as penas previstas na lei, entretanto não foi porque o Estado havia perdoado a militância destes, mas para que a guerra urbana que aconteceu não fosse divulgada e não se desse conta dos tantos corpos “desaparecidos” e pessoas sem paradeiro. O filme não mostra cenas da guerrilha, mas citações dos abusos sofridos pelos companheiros em todo Brasil. O filme ainda mostra as práticas das de como eram feitas as torturas lideradas por Fleury, m dos maiores torturadores na época em que se passa o filme 1968-1973. As torturas sofridas pelos freis foram com o intuito de se chegar a Carlos Marighela. Após inúmeras torturas eles acabaram por entregar algumas informações necessárias para o encontro. E nesse encontro Carlos Marighela foi assassinado pelos policias. Nesse contexto do filme frei Tito foi preso também, e levado a torturas que lhe renderam uma perturbação psicológica que foi motivo de seu suicido programado pelo Regime no seu exílio na França. E a própria prática do exílio consistia num castigo aos “rebeldes”, pois ficar longe de sua terra por qual tanto lutou caracterizava também uma pena. A prática das torturas eram treinadas em pessoas por vezes inocentes e os “alunos” aprendiam como fazer o torturado falar o que sabia. No texto e no filme são apresentadas de forma fiel as características da forma em que o Estado cooptava a população com base na Lei de Segurança Nacional, que consistia que todo cidadão era responsável pela identificação dos “inimigos” do Estado e se não os acusasse seriam também considerados subversivos. É nessa teoria que frei Tito foi entregue aos policiais. Tendo como base os abusos cometidos pelo governo, as políticas extremas de repressão, os movimentos contrários ao regime, tanto texto como filme são essenciais para a formação do que foi a Ditadura Civil-Militar no Brasil. Civil e Militar, pois havia a participação de não-militares no governo e o consentimento de seguimentos da sociedade civil a favor das medidas. Mesmo por que o Estado cuidava dos meios de comunicação e os censuravam para que seus abusos mais infames não fossem ao público no cenário internacional e nacional.


Por Eliphas Bruno
Bibliografia

CHIAVENATO, Júlio José. O Golpe de 64 e a Ditadura Militar. São Paulo: Moderna, 1994
Filme: Batismo de sangue. Dirigido por Helvécio Ratton. Baseado na obra de Frei Betto.

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