quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Análise do texto: "O QUE O TIO SAM REALMENTE QUER" Noam Chomsky

O autor Noam Chomsky nasceu na Filadélfia, em 1928, leciona, desde 1955, no Instituto Tecnológico de Massachusetts, onde se tornou catedrático aos 32 anos.  O texto de Noam Chomsky refere-se à política entre as duas potencias conflitantes do contexto da Guerra Fria: EUA x URSS. Para sustentar tanto a teoria capitalista como a teoria comunista ambos os lados defendiam o medo ao Grande Inimigo. Ora, para exercer a influencia militar, econômica política e cultural sobre a Europa Oriental, no caso soviético, um motivo haveria de ser criado, tal qual aconteceu no lado capitalista ao difundir sua influência sobre “sua parte” do mundo bipolarizado. Em síntese, Chomsky afirma que a Guerra Fria foi um acordo silencioso entre as duas nações a fim de afirma seus interesses. A disputa entre as nações foi tomando um caminho no qual o desenvolvimento relativo as armas desencadeou um avanço tecnológico que se houvesse um embate direto entre as capitalistas e socialista o mundo não resistiria. O autor segue seu raciocínio demonstrando que a estagnação econômica soviética foi uma das responsáveis para seu declínio político e econômico. Não havia mais meios para sustentar a pesada indústria bélica e acompanhar o EUA. Assim o autor descreve que: “a guerra fria terminou com a vitória daquele que sempre tinha sido, de longe, o mais rico e mais poderoso concorrente” [1]. Após a queda do Muro de Berlim, símbolo da cortina de ferro que separa o mundo em duas potencias, o autor cita que George Bush não hesitou em invadir o Panamá e Nicarágua, pois, não havia outro país que o impedisse de tal ação e não havia também o medo de explodir uma guerra de dimensões mundiais. Entretanto, para que a máquina de guerra dos EUA continuasse a funcionar necessitava de um novo inimigo, no qual o Estado direcionasse seus esforços para combatê-lo e manter o espírito de guerra e superioridade norte americana. O alvo escolhido, segundo o autor, foram as drogas. Contudo, não as drogas ditas lícitas, porém as ilícitas que não sofrem tarifação e segundo a política estadunidense era o grande inimigo do Estado e devia ser combatido sem medir esforços. No governo Bush, em 1989, a opinião pública não apontava as drogas como um fator decisivo para ser combatido imediatamente, contudo o bombardeio de informações por meio da mídia favoreceu um crescimento considerável na opinião dos cidadãos norte-americanos. Estava estabelecido o apoio popular para o combate do império do mal, que segundo o autor, encontrava-se nas repúblicas da América latina e o contrabando de drogas. Entretanto, os EUA, esqueceram que eles eram grandes exportadores de tabaco, e que a cifra de pessoas que morriam em decorrência do fumo era muito maior do que os que morriam em decorrência da maconha, por exemplo. Outro fato apontado pelo autor é a utilização do princípio de livre comércio para que países como Japão, Tailândia, Coréia do Sul, etc., fossem consumidoras do tabaco dos EUA. E as autoridades ainda lembram o caso da Guerra do ópio onde o Governo britânico forçou a China a abrir seus portos para a entrada do ópio da Índia Britânica. O autor cita o contraste, o governo dos EUA gastam cifras enormes no combate a drogas ilícitas, mas favorece o comércio do tabaco. Outro ponto fundamental no estudo de Chomsky foi o estimulo do governo norte-americano ao combater as resistências antifascistas e os movimentos sindicais, com a ajuda do tráfico de drogas. A política externa do EUA, por meio da CIA, atuava em diversas localidades como na França, na tentativa de furar greves, dentre outras ações. No Nicarágua, o tráfico se aproveitava de vôos clandestinos da CIA para entrar com drogas no território americano. Por fim o autor expõe algumas teorias referentes ao sentido que algumas delas tomaram nos tempos modernos: a liberdade, democracia, defesa, etc. Em síntese as teorias tomavam caminhos que geralmente ligavam ao oposto de seu sentido inicial, tal como a defesa contra a agressão, pelo qual se atacava um inimigo para defender-se previamente, ou a livre imprensa, que era livre até que não se chegasse a interesses das empresas e dos governos. Dando prosseguimento a finalização do estudo Chomsky, ele exemplifica a teoria do socialismo falso e o verdadeiro, contudo o teor fundamental a essa crítica é a utilização do colapso da URSS como, nas palavras do autor, uma pequena vitória para o socialismo, pois, a experiência de Lênin ou Stalin não foi aprovada por marxistas e intelectuais ao centralizar o poder nas mãos de um único partido. A mídia também obteve um amplo campo de atuação no contexto da guerra fria e seus desdobramentos já citados. Mas a critica especifica de Chomsky é que a mídia faz parte de um sistema doutrinário, onde a população fica condicionada a assistir a programação imposta. Contudo, a mídia alternativa se torna um meio de fugir desse diagrama, porém os recursos são escassos e a “audiência” baixa, pois a grande maioria da população está entretida com as programações estruturadas. Concluindo o estudo, Chomsky, afirma que diferente do tempo da guerra fria, onde as ações do governo raramente eram contesta, a não ser na guerra do Vietnã, no qual soldados dos EUA sofreram grandes perdas. Exemplifica ainda que muita coisa há de ser mudada, e que a população há de ser persistente e organizada para que as modificações sejam alcançadas e diz que a luta continua.


[1]Chomsky, Noam. O que o Tio Sam realmente Quer. Brasília: UNB, 1999. p.104.


Por Eliphas Bruno

BibliografiA
CHOMSKY, Noam. O que o Tio Sam Realmente Quer. Brasília: UnB, 1999.
Site: http://www.nodo50.org/insurgentes/biblioteca/o_que_o_tio_sam_realmente_quer_chomsky.pdf

Nenhum comentário: