quinta-feira, 30 de junho de 2011

Casos do Brasil: CALAR JAMAIS.

Quando pensamos na escravidão dos nativos africanos aqui no Brasil, geralmente vem em nossa mente a figura de pessoas fracas, submissas que não buscavam seus interesses e direitos. Um caso bem peculiar foi do escravos Antônio Francisco Granjeiro que diferente de muitos brancos da época (final do século XVIII) tinha além do conhecimento da escrita, um conhecimento jurídico e algum dinheiro guardado. Com o seu trabalho de alfaiate, conseguiu juntar dinhiero suficiente para comprar sua alforria e para gastos futuros para alcançar tal objetivo. Porém seu senhor Joaquim Vicente dos Reis não quis perder seu investimento, usando da prerrogativa de mesmo com o pagamento não libertar seu escravo. Granjeiro sabia que somente o poder monárquico poderia lhe ajudar, ele se aproveitou do fato que seu senhjor o mandara para Angola e ainda no Brasil mudou seu destino, ele foi pedir auxílio para a Rainha de Portugal: Dona Maria. Não se sabe ao certo se A. F. Granjeiro chegou a conversar com a Rainha, sabe-se de concreto que ela ordenou que o escravo deposita-se em juízo a quantia estabelecida e seu senhor seria obrigado a libertá-lo. Porém a felicidade do agora ex-escravo durou pouco, Joaquim Vicente dos Reis pediu para a justiça cancelar a liberdade de Granjeiro alegando que seu escravo ao pedir a liberdade, não era mais seu escravo e sim de Angola. Granjeiro perdeu sua liberdade e novamente se tornou escravo (fato raro na História) e enfim foi enviado para Angola, não deixando mais notícias. Essa história infelizmente não tem um final "feliz", porém ela serve para nos mostrar a força que muitos escravos tinham. E não foi devido a Rainha ou a Vicente dos Reis que essa história chegou até nós, mas pelo fato de que Antônio Francisco Granjeiro era um escravo consciente de seus direitos e de seus deveres, E cabe também a nós refletir sobre o número de casos semelhantes que possam ter ocorrido e nós não temos conhecimento.

GUGLIELMO, Mariana Gonçalves. Calar Jamais. in: Revista de história. Ano 6. número 69, junho de 2001. 

Por Eliphas Bruno